Não é possível dissociar o binômio ciência e arte da Medicina. Aquele que só conhece a ciência médica e não a pratica com a arte de bem relacionar-se com seus pacientes, não sabe Medicina e nem sequer deve ser considerado plenamente médico.
A adequada relação dos médicos com seus pacientes só será possível se o profissional atravessar a barreira reducionista que os reconhece apenas como máquinas que necessitam de ajustes, de reparos, até de troca de algumas peças.
O complexo biopsicossocial que contextualiza o ser humano deve merecer ampla e diversificada atenção dos profissionais que cuidam de sua saúde. Somente atingem esse objetivo aqueles verdadeiramente conscientes de sua quase divina missão de curar quando possível, trazer-lhes alívio se esse intento não for atingido, ou pelo menos consolá-los quando mais nada lhes podem oferecer.
Desde Hipócrates, que alçou a Medicina a condição de ciência há cerca dois milênios e meio, os médicos valeram-se muito mais da arte médica — visto que ainda não dispunham de conhecimentos científicos suficientes. Os avanços da Medicina/ciência são relativamente recentes — ainda não completaram um século. Porém, a Medicina/arte abranda incômodos e promove curas desde que o ser humano existe.
Ciência e arte: duas faces da mesma moeda que a Medicina representa. Essa sim, a verdadeira moeda de valor, no âmbito do saber científico, para prevenir, atenuar ou banir sofrimentos, curar doenças e até evitar a morte.
Viriato Moura
Médico, jornalista, artista visual, idealizador e apresentador
do programa de televisão Viva Porto Velho, colaborador de
diversos sites a nível local e nacional.