Antônio Cândido da Silva
Revirando a gaveta de memórias
encontrei uma caixa de retratos
e dentro dela uma fotografia
onde você e eu somos lembrança.
E assim, como num passe de magia,
fui para o ano de sessenta e seis
refazendo o caminho percorrido
e revendo os momentos dessa andança...
Do mês de julho era o dia trinta
e eu, nervoso, esperava ao pé do altar
naquela tarde quente de verão
quando você apareceu sorrindo,
caminhou pela nave da Matriz,
fazendo disparar meu coração.
Depois a festa, a fuga às escondidas
no Jeep sem capota do compadre,
arrastando um cordel com latas velhas
pelas ruas calçadas da cidade.
Depois a vida a dois, os filhos
e um futuro sonhado a conquistar...
Quarenta e cinco anos se passaram
depois daquele julho de sessenta e seis.
Muitos castelos construímos juntos,
caminhos percorridos de mãos dadas
e subidas onde um no outro se amparou.
E foi assim que fomos descobrindo
todo o segredo do passar do tempo
e aprendemos a plantar sementes
pra sombrear as margens do caminho
por onde um dia o nosso amor passou...
Vejo, agora, na imagem de nós dois,
no fragmento de um segundo
que alguém eternizou neste papel,
a nossa vida desfilar na passarela
das minhas emoções.
Momentos de conquistas,
instantes de tristezas
e a solidez do nosso amor
como morada erguida sobre a rocha
vencendo os vendavais.
E eu percebo, depois de tanto tempo,
que a cada dia eu te amo mais...
Para Maria no 30 de julho de 2011. (45)
Antônio Cândido da Silva
Poeta e historiador