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Quiproquó do Dinheiro Falso
10 de  agosto de 2015 | Autor : 3 | Fonte : 3
O Hospital São José projetado e construído pelo padre João Nicoletti, inaugurado no dia 7 de Setembro de 1929, conveniado prestava serviço de internações hospitalares aos servidores do 3º Distrito Telegráfico e da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré ambos sob a chefia do capitão Aluízio Ferreira, os quais eram quinzenalmente pagos.

Sendo o pagamento da primeira quinzena do mês de agosto de 1934efetuado com cédulas falsas de duzentos mil reis (200$000), conforme constatado pela irmã Catarina Cappelli, diretora do hospital, ocorrência comunicada ao padre Nicoletti, o qual cientificou a Mesa de Rendas e este confirmado o crime, o denunciou ao tenente Alcides Lima Mendes, comandante do contingente especial do exercito em Porto Velho, tendo ele providenciado as adoções das medidas cabíveis.

Foram indigitados a Madeira-Mamoré e 3º Distrito Telegráfico.

A Justiça Federal intentou ação contra os senhores Elpídio Morais Teixeira, Cristóvão Pimentel, Lourival Pinheiro Ferreira, este tesoureiro da Madeira-Mamoré, irmão do capitão Aluízio Ferreira, e outros mais.

Dr. Ruy Araújo chefe de policia do Estado do Amazonas, pessoalmente, presidiu o inquérito policial instaurado no mês de agosto de 1934e concluído em 15 de dezembro deste ano, ficando apurado que em Curitiba/PR e Taubaté/SP, no mês de abril de 1934, começaram a circular numerosas cédulas falsas, recaindo a suspeita de serem autores os funcionários federais desses locais. E que a remessa de dois volumes lacradas, um contendo vinte contos de reis (20:000$000) em cédulas de duzentos mil reis e outro com seiscentos mil reis, tendo apenas uma cédula de duzentos mil reis, sendo falsas todas as deste de valor, foram remetidos à Madeira-Mamoré pela Tesouraria da Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos de Manaus/AM. Finalmente concluiu não haver detectado nenhum indicio de culpabilidade contra qualquer servidor da ferrovia Madeira-Mamoré e do 3º Distrito Telegráfico, bem como de pessoas residentes em Porto Velho.

A circulação do dinheiro falso era o assunto primordial em todas esferas, nas residências, nas ruas, nas repartições públicas, no bar central do João Barril e outros. A boataria corria solta, cada qual emitia sua opinião e as mais estapafúrdias deduções. O Alto Madeira sugeriu que o dinheiro tenha vindo da Bolívia, outra conclusão insinuava que as cédulas eram destinadas a serem incineradas na Caixa de Amortização, tendo tomado outra destinação. O Peixotinho diretor da Agência do Correio e Telégrafo alardeava que quando fosse depor na Justiça Federal, não ocultaria nada doesse em quem doesse.

No dia 30 de janeiro de 1935, o Tribunal Federal de Justiça intimou várias pessoas de Porto Velho, entre essas o padre João Nicoletti, o comerciante Miguel Chakian e o Peixotinho para deporem em Manaus/AM, no inquérito judiciário.

A tarde na véspera da viagem, o Peixotinho foi à residência do Capitão Aluízio Ferreira para de despedir. Na qual após ingerir uma xicara de café lhe servida pelo Aristides, mordomo e um dos segurança do Aluízio, juntamente com o Timótio, o Militão e mais o índio Munduca, desabou esparramando-se no chão, sem vida. O anfitrião desesperado lamentava-se que tal funesto episódio fosse ocorrer em sua casa, com tão estimado seu amigo.

No Hospital São José a junta médica atestou como causa da morte, fulminante colapso cardíaco.

Pondo lenha na fogueira como diz meu amigo Zé Catraca, o DR. Collyer (médico), em uma roda de amigos no bar Central em alta voz afirmava que o Peixotinho tinha sido envenenado. A novidade se espalhou célere como fogo em rastilho de pólvora. O autor acolhendo o conselho dos colegas sumiu da cidade para local ignorado.

O padre Nicoletti tendo como advogado de defesa o Dr. Alcides Rocha, ante o Tribunal apenas confirmou a trapaça da qual havia sido vitima, não acusou ninguém. Retornou a Porto Velho em 20 de março de 1935, sendo festivamente recebido.

O desfecho deste bafafá foi tal o da Conceição, ninguém sabe ninguém viu. É mais um episódio da centenária história de Porto Velho, com os atuais, terminado em pizza.

 

Abnael Machado de Lima

Membro da Academia de Letras de Rondônia

Abnael Machado
Membro do Instituto Geográfico de Rondônia
 

ACLER - Academia de Letras de Rondônia
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