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Morreu o prisioneiro 46664 – o homem de sete nomes
7 de  agosto de 2015 | Autor : 4 | Fonte : 4

Lúcio Albuquerque, membro da ACLER
Texto faz parte do livro “O Telefone de Deus”, em fase de edição
Publicado no site gentedeopiniaao.com.br


Sete, não. Ele teve oito nomes, dentre os quais um número. Mas tornou-se, em sua luta contra a segregação racial, num dos líderes mais importantes da humanidade – e alcançou essa posição não por cotas ou outro artifício tão em moda no Brasil onde colocam de lado a meritocracia para se manter no poder. Seu nome? Mandela, mas pode chamar de Tata, Nelson, Madiba, Khulu, Dalibhunga e  Rolihlahla. Ou, como na prisão de Robben Island, onde ele ficou mais de 25 anos e o chamavam os carcereiros apenas como Prisioneiro 46664.

Neste dia 5 de dezembro o mundo ficou muito menor: morreu com mais de 95 anos de idade o homem que recebeu ao nascer o nome de Rolihlahla, que traduzido pode significar “aquele que traz  problemas”, mas cujo trabalho a favor da igualdade racial deu-lhe outra denominação, Dalibhunga, que significa «criador ou fundador da conciliação, do diálogo» (*).
Primeira criança negra em sua aldeia a estudar na escola normal, o futuro Prisioneiro 46664 foi também o primeiro advogado negro da África do Sul e seu primeiro presidente não branco e, apesar de quando em sua juventude ter se filiado a um partido que defendia a luta armada contra o apartheide passou a defender, ainda que em conflito com alguns antigos companheiros (leia “Mandela – conversas que tive comigo”), o diálogo e o entendimento para chegar ao bem comum.

Único ser humano que tem uma data particular concedida pela ONU (Organização das Nações Unidas) - 18 de julho, data do aniversário dele, é o Dia Internacional Nelson Mandela, quando se viu livre da prisão e foi eleito presidente de sua nação, o Prisioneiro 46664 não usou de benefícios a segmentos mais humildes para manter-se e a seus companheiros no poder e nem foi outra vez candidato a presidente, exemplo para tantos dirigentes (SIC!) mundiais que fazem da ascensão ao poder um modo de  vida e/ou uma capitania hereditária.
Mandela teve vários grandes méritos não seguido por muitos que o elogiam. Nunca mudou o discurso para beneficiar a si e seus companheiros – o que é comum em alguns que chegam ao poder; e, ainda,  comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, para o sistema do “um homem, um voto”, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa.

E, ainda, uma forte arma usada por ele para promover a reconciliação – isso pode ser considerado milagre? – foi fazer que os discriminados (não só negros, mas também membros de diversas outras etnias incluídos brancos que não concordavam com a segregação)   gostassem do esporte preferido dos brancos, o rugby, fazendo ação política com o esporte, tornando Francois Pienaar (veja o filme Invictus) o “capitão” de equipe mais famoso dentre tantos outros atletas que tenham ocupado tal função nos mais diversos esportes.
 
VEJA A SEGUIR OS MUITOS NOMES DE MANDELA:

1 – Rolihlahla (*)

Quando nasceu foi chamado Rolihlahla Mandela pelo pai (Nkosi Mphakanyiswa Gadla Henry). Em Xhosa, Rolihlahla significa «que traz problemas».
2 - Nelson
O nome Nelson foi-lhe atribuído na Escola Primária. De acordo com a Fundação Nelson Mandela foi-lhe dado pela professora no primeiro dia de aulas em Qunu,e não se sabe de alguma razão especial, apenas que era um nome muito popular na altura.
3 - Madiba
Madiba é o nome do clã Thembu a que Mandela pertence. Foi também o nome de um chefe Thembu no século XIX. Chamar Madiba a Mandela é sinal de carinho e respeito.
4 - Tata
Significa «pai» em Xhosa. Como é considerado o pai da democracia na África do Sul, Mandela é carinhosamente tartado por «Tata».
5 - Khulu
Em Xhosa, Khulu é uma abreviatura de «uBawomkhulu», que significa «avô» e também é sinónimo de grande e supremo. É mais uma forma carinhosa de se referirem a Mandela.
6 - Dalibhunga
Aos 16 anos, Mandela foi iniciado na vida adulta numa cerimónia tradicional Xhosa em que recebeu o nome de Dalibhunga, que significa «criador ou fundador da conciliação, do diálogo». Usado no cumprimento deve ser precedido por «Aaah!», «Aaah! Dalibhunga».




Lúcio Albuquerque
Jornalista, Escritor e Membro da Acler
 

ACLER - Academia de Letras de Rondônia
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